Empréstimos predatórios: entenda os riscos e seus direitos

Autor: Queiroz & Guimarães

Os empréstimos predatórios são uma prática financeira abusiva que leva milhares de consumidores ao superendividamento.

Bancos e financeiras, muitas vezes, concedem crédito sem avaliar a real capacidade de pagamento do cliente, resultando em juros abusivos e condições contratuais desvantajosas.

Essa prática pode ser contestada judicialmente, pois as instituições financeiras têm a obrigação de agir de forma responsável na concessão de crédito.

O consumidor tem direitos garantidos pelo Código de Defesa do Consumidor (CDC) e pode buscar indenizações por danos materiais e morais.

Neste artigo, explicamos o que são empréstimos predatórios, como identificar essa prática, a responsabilidade civil dos bancos e quais são os caminhos legais para reverter uma concessão abusiva de crédito.

1. O que são empréstimos predatórios?

empréstimos predatórios

Os empréstimos predatórios ocorrem quando uma instituição financeira concede crédito de forma irresponsável, sem avaliar corretamente a capacidade de pagamento do consumidor.

Esse tipo de prática atinge, principalmente:

  • Aposentados e pensionistas do INSS;
  • Pessoas com baixa renda;
  • Consumidores com restrição no CPF;
  • Trabalhadores autônomos que não possuem renda fixa.

Os bancos e financeiras utilizam estratégias agressivas para vender crédito a qualquer custo, sem esclarecer os riscos envolvidos.

O resultado é um endividamento excessivo, que pode comprometer a renda do consumidor e levá-lo a uma situação financeira insustentável.

Entre as principais características dos empréstimos predatórios, destacam-se:

  • Taxas de juros muito acima da média do mercado;
  • Cláusulas contratuais abusivas que dificultam a quitação da dívida;
  • Falta de transparência nas informações do contrato;
  • Ofertas de crédito sem análise prévia da renda do consumidor;
  • Inclusão de seguros e tarifas extras sem autorização do cliente.

Quando um consumidor contrata um empréstimo predatório, ele pode ficar preso a uma dívida impagável e, em muitos casos, ver sua renda comprometida por anos.

2. Como os bancos e financeiras utilizam os empréstimos predatórios?

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Os empréstimos predatórios podem ser oferecidos de diversas maneiras, sempre explorando a vulnerabilidade do consumidor. Algumas das táticas mais comuns incluem:

  • Oferta de crédito pré-aprovado sem consulta ao histórico financeiro;
  • Promessas de dinheiro rápido, sem burocracia e sem comprovação de renda;
  • Uso de publicidade enganosa para atrair clientes;
  • Venda casada, obrigando o consumidor a contratar outros serviços junto ao empréstimo;
  • Desconto automático de parcelas na conta do cliente sem autorização expressa.

Essas estratégias fazem com que o consumidor aceite o crédito sem ter plena consciência das condições contratuais.

Muitas vezes, ele só percebe o problema quando já está preso a uma dívida que cresce rapidamente devido aos juros elevados.

3. Responsabilidade civil dos bancos e financeiras na concessão de crédito

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A concessão de crédito no Brasil é regulada pelo Código de Defesa do Consumidor (CDC) e pelo Código Civil. Segundo essas normas, os bancos têm a obrigação de avaliar a capacidade financeira do consumidor antes de conceder um empréstimo.

O artigo 39 do CDC proíbe práticas abusivas, incluindo a oferta de produtos financeiros que coloquem o consumidor em desvantagem excessiva.

Além disso, o artigo 6º garante que todas as informações sobre um contrato devem ser claras e acessíveis ao consumidor.

Quando um banco concede crédito de forma irresponsável, ele pode ser responsabilizado judicialmente e obrigado a:

  • Revisar o contrato para reduzir juros abusivos;
  • Cancelar cobranças indevidas de tarifas e seguros;
  • Indenizar o consumidor por danos materiais e morais.

O Superior Tribunal de Justiça (STJ) já reconheceu casos em que bancos foram responsabilizados por concessão abusiva de crédito.

Em decisões recentes, os juízes entendem que as instituições financeiras devem agir com cautela ao liberar crédito, especialmente para aposentados e pessoas de baixa renda.

4. Como identificar um empréstimo predatório antes de assinar o contrato?

empréstimos predatórios

Para evitar cair em um empréstimo predatório, é fundamental analisar cuidadosamente as condições do contrato.

Alguns sinais de alerta incluem:

  • Juros muito acima da média do mercado. Consulte o site do Banco Central para verificar as taxas praticadas por outras instituições;
  • Pressão para assinar o contrato rapidamente. Bancos confiáveis permitem que o cliente analise a proposta antes de decidir;
  • Cláusulas que dificultam o pagamento antecipado da dívida. Isso pode indicar tentativa de prender o consumidor ao contrato por mais tempo;
  • Oferta de crédito sem consulta ao SPC e Serasa. Isso pode ser um indício de que o banco não está avaliando corretamente a capacidade financeira do cliente;
  • Taxas e tarifas desconhecidas incluídas no contrato. Sempre peça um detalhamento dos valores cobrados.

Se o consumidor notar qualquer um desses problemas, deve recusar a oferta e buscar outra instituição financeira.

5. O que fazer se você contratou um empréstimo predatório?

Existem medidas que podem ser tomadas para tentar reverter o problema:

  1. Solicite a revisão do contrato junto ao banco. Muitos bancos renegociam as dívidas quando o consumidor questiona os valores abusivos;
  2. Registre uma reclamação no Banco Central e no Procon. Essas entidades podem intermediar um acordo com a instituição financeira;
  3. Consulte um advogado especializado. Em muitos casos, é possível entrar com uma ação judicial para reduzir os juros e cancelar cobranças indevidas;
  4. Peça a devolução de valores cobrados indevidamente. Se o banco incluiu tarifas sem autorização, o consumidor pode exigir o reembolso.

Se houver comprovação de que o empréstimo foi concedido de forma abusiva, a Justiça pode determinar a revisão do contrato e até o pagamento de indenização ao consumidor.

6. Como evitar problemas com crédito bancário no futuro?

Para evitar problemas com empréstimos predatórios, siga estas recomendações:

  • Antes de assinar um contrato, compare taxas e condições em diferentes bancos;
  • Leia todas as cláusulas e questione valores que não estejam claros;
  • Nunca aceite empréstimos por telefone ou internet sem verificar a reputação da empresa;
  • Se precisar de crédito, opte por instituições reconhecidas pelo Banco Central;
  • Caso tenha dúvidas, consulte um especialista antes de contratar qualquer serviço financeiro.

Conclusão

Esse tipo de prática abusiva coloca milhares de consumidores em situação de endividamento crítico.

Bancos e financeiras têm a obrigação de agir com responsabilidade na concessão de crédito, garantindo que o consumidor tenha condições de pagar a dívida sem comprometer sua renda.

Se você contratou um empréstimo predatório, saiba que é possível recorrer e exigir a revisão do contrato.

Leia também: Revisão de Financiamento: quando e como solicitar?

Conhecer seus direitos é o primeiro passo para evitar armadilhas financeiras e garantir que suas finanças estejam protegidas.

Leia também: 7 cuidados para evitar golpes em empréstimos bancários

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