Banco nega estorno: seus direitos quando o estorno negado deixa você no prejuízo

Autor: Queiroz & Guimarães

Você foi vítima de fraude bancária, perdeu seu dinheiro e ainda por cima recebeu a notícia devastadora: estorno negado. O banco simplesmente se recusa a devolver o que foi roubado de você, alegando que a culpa foi sua.

Esta situação revoltante acontece todos os dias com milhares de brasileiros. Pessoas honestas que trabalham duro, pagam suas contas em dia e, de repente, se veem lutando contra gigantes financeiros para recuperar o próprio dinheiro.

A sensação de injustiça é esmagadora. Mas você não está sozinho e, mais importante: você tem direitos que podem forçar o banco a devolver cada centavo roubado.

Por que este conhecimento pode recuperar seu dinheiro

estorno negado

Nos últimos 10 anos de experiência, acompanhamos centenas de casos de fraudes bancárias. Uma descoberta mudou nossa forma de enxergar esses casos: 80% dos clientes que nos procuraram conseguiram reverter a negativa inicial do banco.

O segredo não está em aceitar o primeiro “não” como resposta final. Está em conhecer exatamente quais são suas armas legais e como usá-las corretamente.

Este artigo vai revelar as estratégias que transformaram derrotas aparentes em vitórias reais, garantindo que vítimas de fraude recuperem não apenas seu dinheiro, mas também sua dignidade.

Entenda por que os bancos negam estornos

Os bancos têm uma estratégia clara: negar o maior número possível de estornos na primeira tentativa. Eles sabem que a maioria das pessoas desiste após a primeira negativa.

Redução de custos operacionais: cada estorno aprovado representa perda financeira para a instituição. Negar é sempre mais lucrativo do que investigar adequadamente.

Inversão do ônus da prova: bancos frequentemente exigem que você prove sua inocência, quando na verdade deveriam provar que você foi negligente.

Principais alegações bancárias para negar

“Você foi negligente com seus dados”: alegam que você compartilhou senha, clicou em links suspeitos ou foi descuidado de alguma forma.

“A transação foi autorizada”: argumentam que o sistema identificou sua senha e dispositivo, portanto a operação seria legítima.

“Não há evidências de fraude”: afirmam que a análise técnica não detectou irregularidades no sistema.

A verdade por trás das negativas

A maioria dessas alegações são estratégias para transferir a responsabilidade para você. Bancos possuem sistemas de segurança que devem proteger seus clientes independentemente do nível de conhecimento técnico.

Quando um sistema bancário é invadido ou quando criminosos conseguem acessar contas através de falhas de segurança, a responsabilidade é da instituição, não sua.

O Código de Defesa do Consumidor e a regulamentação do Banco Central são claros sobre isso.

Seus direitos legais quando o estorno é negado

Direito à segurança: bancos devem manter sistemas seguros e são responsáveis por falhas em seus mecanismos de proteção.

Direito à investigação adequada: você tem direito a uma análise técnica completa e detalhada da transação fraudulenta, não apenas uma verificação superficial.

Direito ao contraditório: deve poder apresentar evidências e contestar as alegações do banco através de canais oficiais.

Responsabilidade objetiva do banco

O Superior Tribunal de Justiça já decidiu que bancos têm responsabilidade objetiva por fraudes em contas correntes. Isso significa que eles devem provar que você foi negligente, e não o contrário.

A mera alegação de que você “deve ter sido descuidado” não é suficiente. O banco precisa apresentar evidências concretas de negligência grosseira.

Falhas no sistema de segurança, vulnerabilidades conhecidas ou ataques cibernéticos são problemas do banco, não seus.

Regulamentação do Banco Central

A Resolução 4.732/2019 do Banco Central estabelece regras claras sobre responsabilidade em transações eletrônicas. Bancos devem implementar controles de segurança adequados.

Quando esses controles falham, a responsabilidade pela perda é da instituição financeira, exceto em casos comprovados de negligência grosseira do cliente.

A negligência deve ser clara e evidente, não apenas presumida.

Como contestar um estorno negado efetivamente

Documentação completa: reúna todos os comprovantes das transações fraudulentas, comunicações com o banco e evidências que comprovem que você não realizou as operações.

Protocolo formal: registre reclamação oficial no SAC do banco, exigindo resposta por escrito sobre os motivos específicos da negativa.

Prazo para resposta: o banco tem até 10 dias úteis para responder sua reclamação. Se não responder ou a resposta for insatisfatória, escale para outros órgãos.

Órgãos para reclamação

Banco Central: através do sistema Registrato, você pode formalizar denúncia contra práticas inadequadas da instituição financeira.

Procon: para questões de relacionamento com consumidor e práticas abusivas na negativa de estorno.

Justiça: quando as vias administrativas se esgotam, a ação judicial pode ser necessária para garantir seus direitos.

Evidências que fortalecem seu caso

Localização inconsistente: se a transação ocorreu em local onde você comprovadamente não estava presente.

Padrão de uso divergente: operações fora do seu perfil habitual de consumo ou horários atípicos.

Histórico de segurança: demonstre que você sempre foi cuidadoso com seus dados bancários e nunca teve problemas anteriores.

Estratégias para reverter a negativa

Pedido de revisão fundamentado: apresente novos argumentos legais baseados na regulamentação do Banco Central e jurisprudência favorável.

Perícia técnica: solicite análise técnica independente que possa identificar falhas de segurança ou padrões de fraude.

Histórico comportamental: demonstre que as transações fraudulentas fogem completamente do seu padrão normal de uso.

Prazos importantes para contestação

Você tem até 60 dias após tomar conhecimento da transação fraudulenta para contestar formalmente junto ao banco.

Para reclamações no Banco Central, o prazo é de 3 anos contados da data do fato.

Ações judiciais devem ser propostas em até 5 anos, conforme o Código Civil.

Negociação estratégica

Mesmo durante o processo de contestação, mantenha diálogo aberto para negociação. Muitos bancos preferem acordo a enfrentar processos longos.

Proponha soluções como estorno parcial inicial e análise mais detalhada do restante.

Demonstre disposição para colaborar com investigações, mas sem assumir culpa que não lhe pertence.

Quando buscar orientação jurídica especializada

Se o banco mantém a negativa mesmo após suas contestações administrativas, é hora de buscar ajuda especializada.

Casos complexos: quando envolvem valores altos ou múltiplas transações fraudulentas.

Má-fé bancária: quando há evidências de que o banco não investigou adequadamente ou omitiu informações.

Ação judicial: quando é necessária

A via judicial torna-se necessária quando o banco se recusa sistematicamente a reconhecer evidências claras de fraude.

Processos bem fundamentados frequentemente resultam em condenação do banco não apenas ao estorno, mas também ao pagamento de danos morais.

Nossa experiência mostra que bancos tendem a ser mais colaborativos quando enfrentam ações judiciais bem estruturadas.

Custos x benefícios da ação legal

Muitas ações podem ser propostas nos Juizados Especiais Cíveis para valores até 40 salários mínimos, sem necessidade de advogado.

Para valores maiores, é importante avaliar se os custos processuais justificam o valor em disputa.

Considere que, além do estorno, você pode ter direito a danos morais pela resistência injustificada do banco.

Prevenção: como evitar futuras fraudes

Monitoramento constante: verifique regularmente seu extrato e configure alertas para todas as transações.

Senhas seguras: use senhas complexas e diferentes para cada serviço. Nunca compartilhe dados de acesso.

Desconfiança saudável: seja cético com ligações, mensagens ou e-mails que solicitem dados bancários, mesmo que pareçam oficiais.

Ferramentas de proteção disponíveis

Notificações em tempo real: configure alertas por SMS e e-mail para todas as operações em sua conta.

Limites de transação: estabeleça limites diários e mensais para transferências e compras.

Autenticação em duas etapas: use sempre que disponível para adicionar camada extra de segurança.

Educação financeira digital

Mantenha-se atualizado sobre novos tipos de golpes e fraudes. Criminosos constantemente criam novas estratégias.

Participe de cursos de educação financeira digital oferecidos pelos próprios bancos ou órgãos oficiais.

Compartilhe conhecimento com familiares e amigos. A prevenção coletiva é mais eficaz.

Casos de sucesso: quando a persistência compensa

Acompanhamos casos onde clientes conseguiram reverter negativas após meses de luta. A persistência baseada em conhecimento legal faz a diferença.

Caso 1: cliente teve R$ 15.000 roubados via PIX. Banco negou estorno alegando “negligência”. Após contestação fundamentada e ameaça de ação judicial, o banco estornou integralmente em 30 dias.

Caso 2: aposentada perdeu R$ 3.000 em golpe telefônico. Banco se recusou a estornar. Com orientação adequada, ela conseguiu não apenas o estorno, mas também R$ 5.000 de danos morais.

Lições aprendidas

A documentação detalhada de todas as comunicações com o banco é fundamental para o sucesso.

Conhecer seus direitos e citá-los adequadamente nas contestações aumenta significativamente as chances de sucesso.

A persistência educada, mas firme, frequentemente quebra a resistência inicial dos bancos.

Conclusão: seu dinheiro, seus direitos, sua vitória

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Ser vítima de fraude já é suficientemente traumático. Ter o banco negando seu direito ao estorno transforma o trauma em revolta. Mas agora você sabe que não precisa aceitar essa injustiça passivamente.

Com as estratégias apresentadas neste guia, você está equipado para enfrentar a resistência bancária e lutar pelos seus direitos de forma inteligente e eficaz.

Lembre-se: bancos contam com o desconhecimento e desistência dos clientes. Quando você demonstra conhecer seus direitos e está disposto a lutar por eles, o cenário muda completamente.

Seu dinheiro não é favor do banco. É seu direito. E direitos conquistados não podem ser facilmente negados quando você sabe como defendê-los.

Não desista na primeira negativa. Não aceite alegações vagas. Exija investigação adequada, documentação completa e tratamento respeitoso. Você merece isso e muito mais.

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